quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Violência faz parte da vida de transexuais e travestis, diz pesquisador

0 comentários

Para Aureliano Biancarelli, casos de agressões por supostas razões homofóbicas, como os da avenida Paulista, em São Paulo, não são novidade
Por Suzana Vier, do Rede Brasil Atual
Os recentes casos de violência por suposta motivação homofóbica, como os que envolveram jovens na avenida Paulista, em São Paulo, em novembro passado, não são novidade na vida de travestis e transexuais, afirma o pesquisador e jornalista, Aureliano Biancarelli. Autor do livro “A Diversidade Revelada”, que narra o dia a dia de transexuais e travestis, ele relata que a violência contra essas pessoas começa cedo, já na infância, e no interior da própria família e se repete na escola e ao longo de toda a vida.
“A violência é uma constância na vida delas. Começa com uma violência que é menos visível, mas mais danosa para a pessoa que é a violência dentro de casa”, pontua. Nem sempre travestis e transexuais sofrem violencia física, mas em geral passam pela exclusão familiar. “Ou você se enquadra no sexo que nasceu ou vai ser expulso de casa”, acentua Biancarelli.

Em entrevista à Rede Brasil Atual, o jornalista explicou que a violência doméstica, física ou psicológica, acaba levando transexuais e travestis às ruas e à marginalidade. “Se vai para rua e é um travesti, um homossexual que quer viver como travesti, vai acabar caindo na marginalidade. A única coisa que vai encontrar no mercado de trabalho é a prostituição ou, raramente, vai encontrar trabalho como cabeleireiro”, analisa.
De acordo com definições médicas citadas pelo antropólogo e pesquisador Bruno Cesar Barbosa em entrevista à Agência USP de Notícias, uma ou um travesti seria aquele que se comporta e se veste como o outro gênero, mas não quer a cirurgia para mudar seu órgão sexual. Já os/as transexuais, sentem a necessidade de fazer a cirurgia, pois se sentem do outro gênero desde o nascimento.
As transexuais consideram que nasceram com o corpo errado. A mente age como se fosse de um sexo e o corpo é de outro, por isso desejam fazer a operação que recolocaria o corpo no lugar que deveria estar, diz Biancarelli.
Segundo o pesquisador, uma ínfima porcentagem de famílias compreendem e aceitam familiares transexuais ou travestis. Motivo que leva muitas pessoas a viverem escondidas ou se relacionarem apenas dentro do mesmo grupo.
Como exemplo do medo que ronda a vida dessa população, Biancarelli cita a história de um homem trans, com corpo feminino,que perto de se casar, prefere esconder da família da noiva sua condição de transexual. Ou a história do professor de inglês, homem trans, que tem uma vida em comum com uma professora da mesma área, mas vive sempre no “limiar do risco”, com receio de que colegas e familiares descubram a transexualidade.
A rejeição social também impacta no estilo de vida de trans e travestis.”Eles têm medo do dia. Têm uma vida na escuridão”, comenta. “Quando escurece, aí se travestem, se enfeitam, mas durante o dia saem o mínimo possível de casa. Elas não têm coragem de tomar Metrô, ou ônibus, por exemplo”, acrescenta em relação às travestis.
Discriminação
Biancarelli detectou que transexuais e travestis sofrem preconceito e humilhação em ações simples do dia a dia, como ir ao banheiro ou procurar um médico.
“Homem e mulher trans, como se vestem de mulher, utilizam banheiros femininos e todas elas relatam violência nessas situações porque mulheres reclamam se descobrem ou sabem. Da mesma forma não seriam aceitas com roupa de mulher em banheiro de homem”, alega Biancarelli. Há casos de profissionais demitidos ou que tiveram de se submeter a usar “o banheiro dos fundos” para permanecer na empresa, informa o jornalista.
Ir ao médico é outra questão complicada para essa população. Primeiro, a transexual ou travesti é chamada pelo nome de homem, mas quem levanta e vai ao encontro do médico ou da enfermeira é uma mulher. Depois, os trans homens não têm ginecologista para atendê-los. “Não tem como ir a um ginecologista vestida de homem”, argumenta o jornalista. Da mesma forma, é difícil para uma trans mulher ir ao proctologista. “Como iam procurar hormônio?”, indaga o pesquisador.
Saúde
Segundo o jornalista, travestis e transexuais têm a saúde muito precária. Entrevistas realizadas com a população mais jovem aponta que apesar de não procurarem cuidados médicos há vários anos, em geral ainda não manifestaram problemas.  Entretanto, a faixa etária mais velha sofre com graves problemas de saúde.
Da população que procura o centro de acolhimento do Centro de Referência da Diversidade  (CRD) na rua Major Sertório, centro da capital paulista, quase metade estava infectada e outra metade nunca havia feito exames, por isso não sabe seu estado de saúde real.

Biancarelli diz que as travestis acabam bebendo muito e usando drogas diariamente para aguentar a precariedade em que vivem. “Na noite você as vê cheirando cocaína, às 21 horas. Uma das coisas que o hotel ou boate condiciona é que ela incentive o cliente a beber e o cliente quer que ela beba também”, conta.
Também é frequente que clientes queiram que a prostituta use drogas com ele. “Eles estão usando crack, então elas acabam caindo no crack rapidamente”, elucida. “Elas precisam de mais serviços de saúde”, afirma o jornalista.
Amor
Ao acompanhar o dia a dia do Centro de Referência da Diversidade, o pesquisador diz que se surpreendeu com as inúmeras histórias de amor vividas por transexuais e travestis. A maioria das mulheres e homens transexuais sonha com casamento, família e quer a mudança de sexo.
“Elas querem uma vida mais regrada, recolhida”, esclarece. ”Vi vários casos de trans casadas, estabelecidas. Impressionou o número de trans que tinham relacionamentos”, enfoca. O jornalista também encontrou muitas travestis casadas ou namorando transexuais, michês, cafetões.
“Já esperava ouvir relatos de humilhações e maus-tratos sofridos pela população LGBT… Só não esperava que o amor e o companheirismo sobrevivessem com tanta força entre esses personagens. No Centro de Referência da Diversidade é comum ver casais de mãos dadas, ela travesti, ele heterossexual, os dois morando na rua. Em todos os relatos, em meio a histórias de maus-tratos, abandono e discriminação, há sempre uma história de amor”, revela em trecho do livro “A Diversidade Revelada”.
Na publicação, Biancarelli acentua que “respeito e os cuidados psicológicos e médicos a essa população dependem de um amadurecimento da sociedade. Vai do conhecimento e da atenção médica, que inclui cirurgias complexas e reordenações do serviço público, aos avanços em termos da legislação e até mesmo às interpretações do Judiciário”, sublinha.

sábado, 4 de dezembro de 2010

ANAV TRANS na mídia

0 comentários

Assassinatos de Travestis no DF

0 comentários

 Sandra, Marcinha e Palominha, elas encerraram de forma triste a semana do Seminário Nacional sobre Assassinatos ABGLT. Uma triste realidade para nós militantes que nem bem fechamos a boca em plenária, já temos a resposta fria do que nos esperam nos becos, nas ruas, na noite e no dia.

Reportagem:
De acordo com a 33ª Delegacia de Policia , as travestis assassinadas foram por motivos de acertos de contas, relacionado ao tráfico de drogas, o alvo seria Marcinha que devia R$ 400 para um traficante da região, mas as outras duas estavam no lugar errado e na hora errada. O duplo homicídio aconteceu na madrugada desta segunda 29/11 por volta de 1h no residencial Santa Maria modulo 2 em via pública, o autor dos disparos é menor 15 anos, e foi encaminhado para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), As vítimas Sandro Heleno Pereira de Pessoa de 40 anos conhecida como Sandra, que era dono da pensão que hospedavam os travestis, localizado na DF 290, a outra vítima era conhecida como Marcinha ambas morreram no local, já a terceira vítima Raimundo Sampaio de Brito a Palominha 40 anos levou um trio na boca e está em coma, internada em estado gravíssimo. Segundo Alexandro Peres a Leka conhecido das vítimas. Sandra e Marcinha eram viciados em drogas.

Bianca/ Anav Trans